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OPINIÃO: Onde tudo que se planta cresce

É como se os meus livros me procurassem, vindo a mim. De repente, tenho em minhas mãos O continente do Rio Grande, do José Honório Rodrigues, um carioca com alma de gaúcho. Um pedaço da história do Rio Grande, história que - ele afirma - começa com o interesse que Dom Pedro II de Portugal (Regente entre 1668 e 1683 e Rei de 1683 a 1706), que devotava ao território à margem esquerda do Rio da Prata.

José Honório evidencia em seu pequeno livro o que muitas vezes digo a mim mesmo: o meu Rio Grande é bem diferente do resto do Brasil. Vem aos meus ouvidos, então, recorrentemente, um trecho daquela canção: é uma terra onde tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor!

A música e a literatura tudo dizem da minha terra, mas os lá para além dos nossos limites não as conhecem! As Califórnias e as Tertúlias, os que não são gaúchos jamais ouviram. Nem as canções do Telmo de Lima Freitas que ouço quando estou cevando o mate naquele lago verde-azul! E o Raul Ellwanger dizendo a ela que a despertará com um beijo e um dia será novo dia, brotando em seu coração - quem viver saberá que é possível, quem lutar ganhará seu quinhão! Eis o que sou, um gaúcho sonhando de pé!

Além deles, o Lupicínio, que arrebentou fronteiras dizendo coisas lindas em suas canções. Foi assim, esses moços por aí e ela me dizendo que ele pode chegar, tá na hora! Meu caro leitor: se precisares de ajuda, podes contar comigo, tenho 101 gravações do Lupicínio em um HD!

No quadro da literatura, antes de tudo, o Simões Lopes Neto. Leio e releio o Contos Gauchescos e Lendas do Sul e os Casos do Romualdo como se fosse a primeira vez! Bah, tchê!

Depois, o Augusto Meyer, a respeito de quem escrevi mais de uma vez nesta nossa charla quinzenal. Quem me apresentou a ele, há 60 anos, foi Manuel Bandeira, no Instituto Nacional do Livro! Ficamos amigos de verdade ao relembrarmos Felippe de Oliveira e Sotero Cosme, eu a declamar a Canção Bicuda, um dos poemas de Bilu. E, ainda, nossos juristas e seus livros formidáveis! Carlos Maximiliano, que - como afirmei aqui mesmo, em outro artigo - permanece vigorosamente jovem em tudo quanto ensinou. Em especial, na afirmação de que o Direito deve ser interpretado inteligentemente, "não de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniências, vá ter a conclusões inconsistentes ou impossíveis". Ai quem me dera que naquele tribunal lá de Brasília essa lição fosse seguida...

Por todos os demais, Rui Cirne Lima, de quem me basta ler mais uma vez um memorável parecer a propósito de uma praça existente em Porto Alegre, diante da igreja de Nossa Senhora dos Navegantes.

Percebeste, leitor, que meu orgulho é ser gaúcho? Pra quem não é, paleador nas patas e pelego na cara...

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